terça-feira, 15 de março de 2016

Mr Burns - Parra conselheira

"Quando não se tem vergonha nem decência não há nada a fazer. Olhar para dentro era sinal de inteligência. Mas talvez seja pedir muito!"


Isto escrito por ti mesmo Mr Burns assenta-te que nem uma luva.



Tanta parra conselheiral. Pouca uva mas com bastante bago

Depois de tanta vindima, a lista de conselheiros.




Grande novidade é o «regresso» de Pedro d'Anunciaçãonão tanto a Castela para o seu antigo cargo na Embaixada de Portugal em Madrid, mas para a Catalunha junto do Consulado-Geral. Também João Gabriel, depois dos mandatos de Sampaio, lá vai para Roma.
Recorde-se que a recente extinção de metade dos postos de conselheiros foi justificada não só por razões orçamentais mas também por critérios de transparência - o MNE anunciou a criação da carreira técnica de conselheiro com ingresso por via de concurso público... Muitos, nós próprios, acreditámos piamente nisso, mas por pouco tempo - neste País, a transparência quando anunciada dá sempre um tropeção como bicicleta a descer a Serra da Gardunha. Há grandes ciclistas(M/F) nesta Democracia!

Conselheiros para a Cooperação
José Silva Pereira - Díli
Fernando Carvalho - Maputo
António Machado - Praia
João Andrade Lopes - Maputo
Teresa Nunes – São Tomé
Para Luanda, mantém-se por enquanto quem está, se.
Para Bissau, a designar.

Conselheiros Sociais
Gonçalo Capitão - Caracas
O exonerado Manuel de Matos é confirmado (a comunidade revoltou-se e o PSD mexeu-se...)

Conselheiros Económicos
João Sena - Caracas
Para Luanda, a designar

Nos organismos internacionais
Martins Goulart - UNESCO
O exonerado António Pinto Lemos protestou e foi recolocado junto dos NUOI

Conselheiros Culturais
Mário Brito Fernandes – Bruxelas/bilateral (imprensa)
Pedro d’Anunciação - Barcelona
João Gabriel – Roma (imprensa) – serviu Sampaio, em Belém.





Há outros casos de pressões e de ordenados, é matéria que fica para depois. Mas é matéria!
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segunda-feira, 14 de março de 2016

A cidade onde nasci - Silva Porto, agora Kuito

Kuito ( ex - Silva Porto ) - Capital do Bié

Poucas histórias se assemelham a esta. No centro de uma terra em forma de coração, uma cidade nasce, ergue-se,imola-se, uma cidade cai. Cura as feridas e ressuscita – a cidade. O Kuito, capital do Bié, late no centro do país. Na antiga Silva Porto, a tinta fresca que pinta a cidade de novo remete cada vez mais para as linhas da História os fantasmas de tempos passados.
Não se fale mais da guerra. Acabou. E o Kuito-Bié é mais que essa prisão do que aconteceu. 1993/1994. 1997/1998. Datas. Números que já passaram. E ponto final.
Hoje como sempre, o ar fresco do Planalto Central percorre as ruas da cidade desenhada a régua e esquadro. Vista do ar, a capital do Bié é uma malha perfeita de ruas e avenidas. Horizontais e verticais em intersecções de urbe planeada para crescer como mandam as regras. O Kuito revive com força. Edifícios, muros, igrejas renasceram e estão de cara lavada.

Igreja destruída durante a guerra - Está em reconstrução

A história da cidade é breve, mas interessante. Nasceu como Amarante, em 1771. Um posto avançado dos colonos no Planalto Central, em pleno reino do Viye. Em 1845, atraído pela cera e borracha que por ali abundavam, chega à região o boticário e comerciante português Silva Porto. Com a autorização do rei Ndunduma, instala-se num lugar afastado da embala Ecovongo, fundando o seu pequeno lugarejo com o nome de Belmonte.

A história do explorador português terminaria de forma trágica. Cansado dos ouvidos moucos das autoridades coloniais, resistentes aos seus apelos para apostar na região, em Março de 1890 o velho e doente Silva Porto abraçou uma bandeira de Portugal e fez explodir um barril de pólvora dentro da sua casa. Acabou por morrer uns dias depois. No lugar onde viveu, ainda hoje se pode ver uma estátua em sua memória.

Remetida a este esquecimento pelo poder central português durante anos e anos, a região recebeu o grande impulso revitalizador com a construção do Caminho-de-Ferro de Benguela, que ali tinha (e ainda tem) uma das estações principais. O progresso chegou rapidamente e, em 1935, Belmonte virou cidade, com o nome de Silva Porto. Em Junho de 1977, passou a chamar-se Kuito.

A capital biena é uma cidade agradável por onde dá gosto caminhar tranquilamente. Uma visita ao largo do governo, com os seus três edifícios cor-de-rosa totalmente recuperados, e à Catedral, em frente ao famoso prédio do Gabiconta, é também obrigatória. O contraste com as fotografias de outros tempos é evidente, e é uma prova viva de que o Kuito virou a página.



Se quiser aventurar-se para pontos mais ou menos afastados da cidade, então vá até Kamacupa e visite a famosa Estátua do Cristo Rei que marca o centro geográfico de Angola. Com forma de coração encravada no meio do país, a província do Bié oferece também lugares fantásticos como a Reserva Florestal do Umpulo, ou as praias fluviais – praia do Kuito, Praia Verde (Kunhinga) ou Praia Azul (Andulo). Antes de ir, confira, no entanto, o estado das estradas. Muitas delas ainda não estão totalmente transitáveis.
Arrume então as imbambas, e vá de mente aberta ao Kuito. Quando chegar, espante-se com uma cidade em movimento. Coma um bom pirão (funge de milho) com peixe de um dos muitos rios da região, beba uma boa ualende (aguardente de cana de açúcar) e relaxe. Verá que nem tudo é o que lhe contaram. Principalmente, verá que hoje, o Kuito-Bié é vida




Bié é uma província de Angola. Tem área de 70 314 km² e a sua população aproximada é de 1.794 000 habitantes. A sua capital é a cidade do Kuito.
É formada pelos seguintes municípios: AnduloCamacupaCatabolaChinguarChitemboCuembaCunhingaKuito e Nharea
A província possui o tamanho comparável ao de nações como Portugal ou República Checa, ela encontra-se situada no centro de Angola e faz fronteira com as seguintes províncias:
O rio Kwanza nasce nesta província, juntamente com a maioria dos rios do país. Com isso a província adquire grande potencial hidroeléctrico.

O Bié foi muito atingido durante a Guerra Civil Angolana e ainda se está a recuperar. Alguns serviços básicos como energia eléctrica já estão a funcionar normalmente na região.

Até 1975 designou-se Silva Porto, em homenagem ao explorador português Silva Porto.

Clima

O clima é húmido e quente, as temperaturas variam de 19ºC a 21ºC e existem 2 estações: de Outubro até Abril, que é quente e chuvoso; entre Maio e Setembro é seco com temperaturas médias de 2ºC e 10ºC graus nos meses de maior frio e 18ºC até 25ºC em períodos de clima mais quente.

Etnias

Esta província é uma área de confluência de uma série de etnias . Prevalece a dos Bienos,-um subgrupo dos Ovimbundu, cujo nome se relaciona com o nome da província. Observa-se alguma presença de grupos Chokwe que, na sua migração a partir do nordeste de Angola chegaram até aqui. Finalmente, existem aqui pequenos povos enquadrados na categoria etnográfica Ganguela, como p.ex. os Lwimbi.



Pavilhão gimnodesportivo, construído em 1970. Na época foi o maior pavilhão de desportos português





Deixei a minha cidade em Angola no ano de 1974. Nunca mais lá voltei. Lembro-me da cidade como ela era até hoje. Passaram 42 anos
Edifício do Banco de Angola

Uma das praças da cidade - Jardim da Pouca Vergonha

O Jardim da Pouca Vergonha é uma das atracções principais da cidade, com estátuas de mulheres nuas que (sejamos honestos) não ruboriza a cara de ninguém. 


Uma das Avenidas da cidade


A cidade onde nasci - Que grande saudade








sábado, 12 de março de 2016

O homem de quem se não gosta




O homem de quem se não gosta

(Baptista Bastos, in Jornal de Negócios, 19/02/2016)
bb1Baptista Bastos
Serviu quem muito bem entendeu, e nunca foi o Presidente de todos os portugueses. Pelo contrário: fraccionou a sociedade portuguesa.

Entrevistados pelas televisões, dois representantes de associações militares disseram, alto e bom som, que não reconheciam o dr. Cavaco como supremo comandante das Forças Armadas. E aduziram um aluvião de razões para justificar a abominação. Não deixa saudades, acrescentaram. O desprezo pelo homem que vai embora, não tarda, é transversal à sociedade portuguesa. Nas artes, nos ofícios, nos serviços, nunca um Presidente da República foi tão condenado. E a culpa é dele próprio: tolamente arrogante, autoritário, ignorante e inculto, desajeitado e impositivo, ele representa o que de pior o português em si encerra. Acresce que nos longos anos que esteve no poder, como primeiro-ministro e, depois, Presidente, cometeu tolices, injúrias e disparates, fruto dessa soberba e dessa ignorância que deram azo a histórias e anedotas devastadoras. Quando falava, nada dizia para um povo já informado, atento e sarcástico.
A separação a que procedeu, entre os portugueses, foi-lhe fatal, desde o princípio. Ficou famosa a frase “Deixem-nos trabalhar!”, e a foto dele e dos seus colaboradores, em mangas de camisa, muito atarefados e zelosos. Era primeiro-ministro e logo nos apercebemos de que, do país e de quem cá vive, ele pouco entendia. No entanto, possuía uma imagem de gravidade até às orelhas, um penteado à Cary Grant e umas camisas muito brunidas; tudo isso contava, numa terra onde o respeitinho é muito bonito.
Agradou logo àqueles que, moldados pelo salazarismo, constituíam a zona mais cinzenta e reaccionária de entre nós. Portugal ainda vivia nas sombras de um passado nefasto e entre os medos uma revolução interrompida. A Igreja e os senhores da finança desempenharam, aqui, um papel crucial. A satisfação dessa parte da sociedade rejubilou, quando ele, numa atitude sórdida, premiou, com reformas opíparas, antigos agentes da PIDE, e recusou uma pensão de sangue à viúva de Salgueiro Maia, um dos impolutos capitães de Abril.
É preciso relembrar que este homem, tacanho por natureza e educação, nunca tomou a mais leve atitude contra o fascismo, é o produto típico de um prazo e de uma época ainda não dissolvidos por completo, e que demonstra extrema dificuldade em adaptar-se aos tempos outros. Pessoalmente, chego a ter compaixão por esta desgraça ambulante, que nunca sabe onde meter as mãos, que nunca está à vontade em nenhuma parte, e que parece não entender coisa alguma.
Mas não pode ficar isento de culpas. A natureza profunda das suas acções a comportamentos não se associa às características da democracia. A guerrilha estabelecida contra José Sócrates é um dos episódios mais desacreditantes do seu mandato; e a utilização do verbo “indicar”, em vez do “indigitar”, quando aludiu a António Costa, para primeiro-ministro, fornecem o retrato moral do indivíduo e a dificuldade ostentada para aceitar o inevitável.
O rol das indigências do dr. Cavaco é enorme e nada nele serve de exemplo positivo. Serviu quem muito bem entendeu, e nunca foi o Presidente de todos os portugueses. Pelo contrário: fraccionou a sociedade portuguesa, e não teve uma palavra de desagrado quando assistiu à debandada de jovens portugueses para o estrangeiro, resultado de uma política velhaca que ele apoia com desfaçatez.
Não deixa saudades, de facto. Adeus

segunda-feira, 7 de março de 2016

Sociedade condenada - Ayn Rand


Pensamento do dia 
AYN RAND (1950)

                                                 

A 2 de fevereiro de 1905 nasceu em S. Petersburgo a filósofa e escritora americana Alissa Zinovievna Rosenbaum, 
mais conhecida como Ayn Rand, falecida em Março de 1982 em Nova York. Ficou famosa esta frase dela, que se 
aplica como uma luva ao que vivemos em Portugal nos dias de hoje:

"Quando te deres conta de que para produzir necessitas obter a autorização de quem nada produz, quando te deres conta de que o dinheiro flui para o bolso daqueles que traficam não com bens, mas com favores,
quando te deres conta de que muitos na tua sociedade enriquecem graças ao suborno e influências, e não ao seu trabalho, e que as leis do teu país não te protegem a ti, mas protegem-nos a eles contra ti,
quando enfim descubras ainda que a corrupção é recompensada e a honradez se converte num auto-sacrificio, poderás afirmar, taxativamente, sem temor a equivocar-te, que a tua sociedade está condenada. “

AYN RAND (1950)